quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O começo...

...e enquanto eu tocava meu violão, aquele cheiro veio em minhas narinas. Era um odor horrível, me lembrava ovos podres, talvez enxofre, mas logo tudo foi deixado de lado, pois naquele momento eu à vi.
Ela era linda, cabelos negros como a noite, um sorriso de menina em um corpo de mulher, ela trajava um vestido vermelho, o mesmo tom de vermelho do seu batom. Ela me olhava fixamente, por um momento fiquei até sem graça mas não conseguia escapar de seu olhos, talvez fosse a luz ou os copos de whisky que eu havia tomado mais cedo, mas podia jurar que por um instante, os olhos dela que eram de um azul tão claro como o céu se transformara em um negro, mas não foi apenas sua retina, foi todo seu olho, como se no lugar deles houvesse um enorme buraco negro, um nada.
 Ao acabar minha última música, eu me levantei e quis ir ao seu encontro, mas em algum momento, não sei qual, ela havia saído. Me dirigi até a porta do pequeno bar onde eu estava tocando e a vi seguindo pela estrada de terra, no meio da noite escura e fria, então ela parou no cruzamento e começou a me olhar novamente. Fui ao seu encontro e ela sorriu, disse que poderia me dar tudo o que quisesse, então eu disse  que desejava uma mulher linda como ela, ainda sorrindo ela disse pra eu pedir o que eu realmente queria, parei por um segundo e então pedi para que eu fosse o mais habilidoso músico de todos os tempos, afinal nunca fui um bom músico, o dono do bar só me deixa tocar aqui por que é meu amigo.
 Ela disse que assim seria feito e que não me custaria nada demais, que depois de dez anos ela voltaria e me pediria algo em troca, eu concordei, então ela se aproximou colocou sua mão em minha nuca e puxou para um beijo, este que foi o beijo mais importante de minha vida, pois ele marcava o nascimento de uma lenda e ao mesmo tempo o fim da minha vida.
 Logo após me beijar, ela pegou meu violão e o afinou um tom abaixo, disse que já estava feito e subitamente desapareceu. Meu nome, você deve estar se perguntando, desculpe - me por não me apresentar, me chamo Robert Johnson e é aqui que começa minha jornada.